sábado, 3 de janeiro de 2015

Dieta FODMAP para síndrome do intestino irritável

Feliz 2015!!!!
Desculpem ter sumido do blog mas meu fim do ano foi simplesmente uma loucura. Passei por problemas familiares e problemas de saúde novamente que me impediram de testar novas receitas.
Quando achei que tinha controlado minha síndrome com a dieta sem glúten e sem lactose as crises voltaram e pior, novos sintomas também relacionado a síndrome, azia e refluxo. É muito difícil conseguir um médico aqui no Brasil que seja especializado em Síndrome do Intestino Irritável. Muitos dão remédios que ajudam a controlar os espasmos e a movimentação do intestino, outros entopem você de antidepressivos para controlar a ansiedade e stress que são fatores agravantes dessa síndrome. Ainda existem outros que dizem que é possível controlar os sintomas restringindo alguns alimentos, mas o que descobri é que os alimentos que esses médicos sugerem que sejam excluídos não são exatamente aqueles que são os causadores dos sintomas.
Depois de novas visitas médicas para descobrir porque a minha síndrome teve uma grande piora apesar de eu seguir as dietas que me foram indicadas, foi um ginecologista que conseguiu me ajudar indicando um dieta muito interessante. Meu ginecologista também tem síndrome do intestino irritável e pesquisou bastante sobre o assunto para conseguir uma melhora na sua qualidade de vida. Ele chegou a uma dieta de uma nutricionista Australiana especializada na síndrome que foi desenvolvida em 1999 e tem sido atualizada constantemente através de pesquisas e resultados em pacientes que possuem essa síndrome. A dieta é chamada de FODMAP que é uma sigla em inglês para uma série de alimentos que contém certos composto que causam fermentação no intestino e causam os sintomas desagradáveis. A dieta não cura a síndrome (que não tem cura) mas o resultado é uma melhora extremamente significativa na vida dos pacientes, que conseguiram até ficar anos sem ter nenhum sintoma (um sonho para quem tem a síndrome...). Essa dieta é a mais bem conceituada e utilizada no mundo inteiro por especialistas para lidar com o intestino irritável. Vale muito a pena tentar.
A dieta consiste em excluir alguns grupos de alimentos que possuem açúcares que não são quebrados no estômago, sendo que ao chegarem inteiros no intestino são quebrados pelas bactérias do intestino e causam fermentação. Alguns desses açúcares causam fermentação para qualquer ser humano, outros somente para quem tem a síndrome, mas não se sabe porque a fermentação que é normal em qualquer ser humano pode causar tantas dores e outros sintomas desagradáveis para os portadores da síndrome. Esses açúcares são os Oligosacaridios, os disacarideos, os monosacarideos e os polyols que são um tipo de açúcares de álcool contidos principalmente em adoçantes.
É bem difícil explicar em um post de blog toda a dieta pois ela é bem complexa, então sugiro para aqueles que queiram saber melhor sobre a dieta ler os livros da Dra. Sue Shepherd sobre a dieta FODMAPs que estão disponíveis em iBook na internet, mas somente em inglês. Você pode encontrar também algumas informações no site da Dra. Sue Shepherd o http://shepherdworks.com.au. 
Vou explicar mais ou menos por cima os grupos de alimentos:

Oligosacaridios são divididos em dois grupos:

Frutanos: cebola (esse é o pior de todos os alimentos da dieta e tem que ser evitada a todo custo), alho, farinha de trigo, cevada, centeio, alho poró, cebolinha (somente a parte branca) e alcachofra. Fora a cebola que não deve ser consumida nunca, os outros alimentos podem ser consumidos em quantidade ridiculamente pequenas após a primeira fase da dieta, onde devem ser excluídos totalmente por 2 meses. Depois da primeira fase você pode tentar introduzir quantidades ridiculamente pequenas de frutanos, fora cebola, e ver até quanto você consegue tolerar sem ter nenhum sintoma, mas as quantidades não costumam passar de alguns poucos croutons por exemplo. Uma fatia de pão com farinha de trigo é completamente improvável. O mais interessante da pesquisa da Dra. Shepherd foi descobrir que o problema de que tem a síndrome do intestino irritável não é o consumo do glúten (proteina do trigo, cevada e centeio) e sim dos açúcares frutanos que estão contidos nos mesmos alimentos que possuem glúten. Por isso uma dieta sem glúten é ótima para quem tem a síndrome.

Galacto-Oligosacaridios: são os feijões (todos os tipos), grãos de soja, lentilhas e grão de bico. Algumas pessoas conseguem tolerar lentilhas e grão de bico enlatados (não entendi muito bem o porque) depois da primeira fase da dieta, mas os outros tipos de grãos dificilmente conseguem ser reintroduzidos na dieta. Isso pode tornar a dieta de uma pessoa vegetariana como eu extremaste difícil. Ainda não sei bem como vou lidar com isso...

Os disacarideos são a lactose que é o açúcar do leite. Somente as pessoas com intolerância à lactose (pessoas que não produzem enzima lactase em quantidades normais) tem problemas com esse grupo de alimentos. Os desamais não precisam excluir lactose da dieta. Para os que tem intolerância alimentos a base de leite adicionado de enzima lactase ou consumir a enzima lactase junto de produtos lácteos pode resolver o problema.

Os monosacarideos são a frutose, que é o açúcar das frutas. Devem ser evitados sucos de fruta em geral pois contém altas concentrações de frutose, mel e algumas frutas que tem alta concentração desse açúcar como a maçã, pêra, melancia e manga. Em geral devesse evitar o consumo de grandes quantidades de frutas em uma só refeição.

Os Polyols são alcoóls de açúcares que são contidos em algumas frutas, aditivos químicos e adoçantes. As frutas são maçã e pêras  (também tem alto índice de frutose e devem ser evitadas sempre), pêssego, abacate (pode comer até 1/4 da fruta), cerejas, nectarina e ameixas. Fora a pêra e maçã o resto das frutas pode ser consumidas em quantidades pequenas. Também estão contidos nos cogumelos, que podem ser consumidos em pequenas quantidades apenas (mais um problema para minha dieta vegetariana...). Os adoçantes ou aditivos químicos que possuem na composição sorbitol (420), mannitol (421), xylitol (967), maltitol (965) e isomalt (953) devem ser evitados também.

Existem outros alimentos que não estão nas listas acima mas também precisam ser evitados. Os alimentos acima são apenas os principais. Para ver a lista completa sugiro os livros da Dra. Sue Shepherd onde tem a discrição completa da dieta. 
Nos próximos dois meses vou começar a primeira fase da dieta e vou desenvolver receitas que devo postar aqui no blog. Espero que de certo... :-)